Valentines Day… Uma grande palhaçada qualquer um citar essa data por aqui. Mas por uma coincidência, eu e Luninha marcamos um jantar no Eñe justamente na última quinta-feira. Não era comemoração de nada, era simplesmente a data limite para reservas do cupom de um destes sites de compra coletiva. Pagamos a metade do valor de R$ 170 cobrado pelo menu degustação de oito pratos. A comida no geral foi bem agradável, com um ou outro percalço. Mas a noite acabou marcada por muitos poréns. Esta foi minha terceira vez na casa e, sinceramente, não sei se me esforço para voltar. E digo mais, se tivesse pago o valor integral a irritação seria muito maior.
O lugar é bonito e bem decorado. Tudo muito austero e com cores neutras. O bar dá um toque legal, assim como a coluna vermelha feita com rosas artificiais para dar um tom mais intenso. A cozinha toda envidraçada é sempre algo que me instiga. Fico curtindo a movimentação e acompanhando o funcionamento.

Decoração sóbria e um belo bar.. A cor vem de uma pilastra decorada com falsas rosas.. Tudo bem bonito..

Com uma grande janela de vidro, a cozinha fica aberta para o salão e é possível acompanhar todo o trabalho..
A noite prometia, mas assim que sentamos veio a primeira irritação. Escolhida a nossa cava, um Don Brut Rosado (R$ 79), pedimos uma água. Foi oferecida a norueguesa Voss e a francesa Badoit. Legal, mas pedi a nacional. Eis que o atencioso garçom nos informa que a casa temporariamente não está trabalhando mais com águas brasileiras. Disse que isso se deu com a chegada de um novo gerente, que não estava presente na casa, e que não havia previsão para voltarem a servir. Absurda a situação, ainda mais em um país com águas tão boas como as nossas. Beber Voss, Evian, Perier, Aqua Panna ou qualquer outra deve ser opção e não imposição. No fim das contas lá se foram R$ 15 por 500ml da norueguesa que, pasmem, não é servida mais na garrafa de vidro.
Passada a irritação, o jantar começou. Para abrir um leve e fresco gazpacho com croutons tão pequeninos que aparentemente lembravam alho picado. Bem gostoso.
Mal terminamos a última colherada e imediatamente veio a segunda entrada fria: pimenta piquillo recheada de brandade (ou creme) de bacalhau. Muito gostoso. A pimenta docinha contrastou bem com o bacalhau salgadinho. E por cima ainda veio flor de sal para melhorar a textura.
Novamente colocamos o garfo no prato e já entraram as batatas bravas. Bem gostosas, crocantes por fora, macias por dentro e com o aioli picante na medida.
Mas no meio do prato precisei chamar o garçom e pedir para eles não acelerarem tanto o serviço. Foram três pratos em vinte minutos. Mal deu tempo de pensar. E de lembrar que os pães da casa com flor de sal e azeite não tinham sido servidos. Não pode ser tão rápido assim! Feito o pedido, escolhi a correta focaccia e o maravilhoso pão de cebola levemente adocicado.

A casa oferece para acompanhar quatro tipos de pães.. Provei a focaccia bem leve e o pão de cebola delicioso!
Como disse, tudo estava tão rápido que foi somente na pausa que percebemos um barulho insuportável que vinha do lado da cozinha. Segundo o garçom, tratava-se de um problema na pressão da máquina de gelo. Na boa, isso precisa ser consertado o mais rapidamente possível. Mudamos de mesa para uma mais afastada e nem isso amenizou. Como não tinha jeito, segue o jantar se concentrando para abstrair a situação incômoda.
A segunda entrada quente foi a maior decepção da noite. Duas croquetas de jamón que estavam extremamente pesadas e pouco crocantes. A massa densa também peco em sabor e nem mesmo o presunto conferiu um toque especial. Aqui no Rio, por exemplo, as do Entretapas e do Venga são muito melhores. Uma pena.
O primeiro prato foi um filé de pargo sobre purê de mandioquinha. A pele estava crocante, o purê com bela textura e sabor, mas o peixe poderia estar um pouquinho menos cozido. Nada que estragasse o prato, mas foi o único porém.

O pargo tinha a pele crocante e o purê de mandioquinha estava leve… Mas achei o peixe muito cozido..
O segundo foi um bife ancho com mix de cogumelos. O ponto para mim veio perfeito: bem mal passado. A Luna não curtiu tanto. Por isso vem meu questionamento: antes de servir um prato de carne é sempre necessário perguntar o ponto. Ninguém é obrigado a gostar de carne mal passada (apesar de eu achar que tem de ser!!!). Voltando ao prato, a carne estava macia (provavelmente foi cozida a vácuo em baixa temperatura), saborosa e os cogumelos muito bem cozidos.
A pré-sobremesa foi perfeita. Um sorvete leve e saboroso de figo com amêndoas. Perfeito para fazer a transição entre salgado e doce. Um dos pontos altos da noite.
Já a sobremesa propriamente dita acabou decepcionando. A crema catalana estava saborosa, tinha a casquinha queimadinha e um sabor cítrico lá no fundo. Mas estava em temperatura ambiente, o que para mim é um pecado. Esperava o creme gelado. Uma pena novamente.
Fim do jantar e, apesar dos acertos na cozinha – que superaram os erros -, os demais percalços deixaram um sentimento de frustração. Volto a dizer: sairia muito, mas muito irritado se tivesse pago o valor integral. A noite não valeu. E nas demais vezes em que lá estive nunca saí plenamente satisfeito. Acho uma pena, ainda mais sabendo que a orientação e desenvolvimento da casa é feita pelos irmãos Torres, com carreiras brilhantes na Espanha. Fica uma sensação de que a casa aqui no Rio nunca decolou. E, na minha opinião, se não acertarem um ou outro detalhe, vai seguir sem decolar. Potencial a gente vê que tem. Falta um carinho maior apesar do esforço da cozinha.
Mais informações sempre no Twitter e no Instagram (@GastroEsporte). Até a próxima! Beijos em todos!
Eñe Restaurante
– Avenida Prefeito Mendes de Moraes, 222 – Hotel Royal Tulip, São Conrado, Rio de Janeiro – RJ – (21) 3322-6561 Espanhol
Horário – terça a quinta: das 19h à meia-noite; sexta, das 13h às 16h e das 20h à 1h; sábado, das 13h às 17h e das 20h à 1h; domingo, das 13h às 23h
Você ainda foi legal e amenizou. Quando fomos perguntar do barulho, o garçom ou quem quer que fosse simplesmente saiu andando enquanto a gente falava. Quando pedimos pra vir mais devagar, o prato seguinte levou horas pra chegar, parecia até de sacanagem…saiu caro demais para o que foi…